segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cidade Inacabada

Por Camila Gregório

Tô indo, tô indo, tô indo. A cidade é dos gerúndios, feita de paralelepípedos. Cidade dos morros. É um sobe e desce constante. Todos os dias. O sino quando toca na cidade “Tô in do, tô in do, tô in do”. É como se tentasse ir, mas alguma coisa te puxasse para o outro lado. Cidade dos morros. Amores de pico. Cidade incompleta, inacabada, em movimento. Tudo o que vemos são coisas pela metade e que tem tempos diferentes. O pipa é azul no céu partido ao meio. As falas das pessoas são entrecortadas. Cidades das metades em que as metades nunca se encontram. Não existem encaixes nesta cidade o que gera formas bizarras. As casas são partidas ao meio e totalmente disformes. Invertidas, o telhado é embaixo e a casa em cima depende do tempo e de como o vento bate nas janelas. O hino sempre acompanha os habitantes que por causa de terem um tempo diferente e estarem em constantes oposições, fazendo coisas muito diferentes umas das outras, não se incomodam com o gerúndio e apreciam serem metades incompletas.

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